Viajando pelo imaginário de todo adulto que já foi criança, o GRCES Dona Carmem apresentou o enredo que irá levar para a disputa do Grupo de Acesso I.
De autoria de Gustavo Lima, a raposa apresentará o enredo “Se todos os motivos não forem suficientes, dedico este desfile, então, à criança que todo adulto foi um dia”.
Confira abaixo a sinopse divulgada pela agremiação:
Se todos os motivos não forem suficientes, dedico este desfile, então, à criança que todo adulto foi um dia
SINOPSE
Você tem medo de um chapéu?
Dedico este desfile a criança que todo adulto foi um dia, mas primeiramente, você tem medo de cobras? Sim, vamos mergulhar na imaginação infantil para percebermos um mundo que os adultos não reconhecem, somos todos crianças nesse carnaval.
Agora me diga o que é este desenho? Eu mesmo quem fiz, e só uma pessoa muito inteligente saberia que é uma cobra que devorou um elefante, e não um chapéu. Quem teria medo de um chapéu?. Para os adultos tive que parar de desenhar cobras vistas por dentro ou por fora, mas como aqui somos todos crianças, vou contar a vocês uma história através de desenhos… Estão preparados?
O Pequeno Príncipe
“Os adultos nunca conseguem fazer nada sozinhos, é cansativo para as crianças ter que explicar as coisas para eles” – Foi assim que voei, na verdade me tornei piloto de avião. Uma das coisas que aprendi com isso foi utilizar a geografia que os adultos me disseram para aprender.
Um dia, após muito viajar sozinho tive uma pane e fiz um pouso forçado no Deserto do Saara. Assim como toda minha carreira de aviador estava só, em um gigantesco deserto, até que uma vóz infantil me chamou… “Desenha um carneirinho para mim!”
Era o Pequeno Príncipe, ele vinha de outro planeta, palavras dele mesmo, e prosseguiu dizendo que onde morava, andando sempre em frente, não se podia ir muito longe. Ora o carneirinho que desenhei não precisaria de amarraduras.
Sua casa, o planeta, era tão pequeno que mal poderiamos ver por telescópios. Porém acredito que seu planeta deva se chamar Asteróide B612, visto apenas em 1909 por um astrônomo turco, que ninguém acreditou ser verdade devido a suas roupas típicas, entretanto um ditador obrigou toda a população turca a vestir-se a moda europeia, e desta vez todos acreditaram no que dizia.
Os adultos adoram números – “Quando vocês contam que tem um novo amigo, eles não ligam para o que é importante. Nunca perguntam ‘qual o tom de voz dele?’, os adultos preferem perguntar ‘que idade tem?’ ou ‘quanto o pai dele ganha?’”.
Eu digo, os adultos adoram números, se eu dissesse que o Pequeno Príncipe veio de um planeta pequeno e que dava boas risadas, me tratariam com indiferença, mas se eu disser que veio do planeta Asteróide B612 então acreditariam. Estou narrando esta história porquê “faz 6 anos que meu amigo partiu, é muito triste esquecer um amigo, nem todo mundo tem um amigo”.
Diante das inúmeras coisas que aprendi, preciso lhes contar o drama dos baobás. O Pequeno Príncipe me perguntou se carneirinhos comem arbustos, eu disse que sim, logo me perguntou se comem baobás também. Surpeso respondi que babobás não eram apenas arbustos, eram gigantes como enormes igrejas, precisaria de uma manada de elefantes para derrubar um. “Antes de crescer, os baobás nascem de uma pequena planta” me respondeu. Temos que alertar deste perigo para nossas crianças, caso um dia viajem.
“Quando se está triste, é bom ver o pôr do sol…”, me contou o Pequeno Príncipe, em seu planeta apenas com um pequeno deslocamento se pode ver o pôr do sol quantas vezes quisermos, me contou também que uma vez ele vislumbrou 44 vezes o por do sol. Eu perguntei: “Você estava tão triste que precisou ver o pôr do sol tantas vezes”, nada me respondeu.
Um dia me perguntou se o carneirinho que eu fizera também comia flores, mesmo as que tinham espinho, disse que um carneiro come de tudo, então me perguntou “para que servem os espinhos?”. Respondi que os espinhos são pura maldade das flores. “Você reage como os adultos!”. O Pequeno príncipe amava sua flor, a única de seu planeta. Havia outras flores, mas nenhuma linda como a sua flor.
Existe um planeta com um sujeito vermelho, que nunca sentiu o perfume de uma flor, jamais contemplou uma estrela, nunca amou ninguém. Era um homem sério. Era apenas preocupado em pagar suas contas de tão individado que era.
Mas vamos falar da beleza da flor do Pequeno Príncipe, vaidosa que era, com sues espinhos teria coragem de enfrentar um tigre, ainda que não os tivesse no planeta. Mas a pequena flor não resistia a rajadas de vento, assim durante a noite a guardava em uma redoma de vidro. As flores são muito complicadas.
Antes de partir de seu planeta o Pequeno Príncipe limpou os dois vulcões que existiam lá e partiu em uma revoada de pássaros. “Quando bem limpinhos, os vulcões ardem calmamente sem provocar erupções (…) aqui na terra, somos pequenos demais para poder limpar os vulcões. Por isso eles nos aterrorizam.”
Contou-me o Pequeno Príncipe, que antes de partir disse adeus a sua pequena flor, que não aceitou bem a situação e pediu para que não a colocasse a redoma que a protegia, “não se pode conhecer as borboletas sem suportar duas ou três lagartas”.
Em sua viagem, passou pelos asteroides 325, 326, 327, 328, 329 e 330. O primeiro era habitado por um rei, para um rei o mundo todo é súdito. Era um rei absolutista de bom coração que dava ordens sensatas. “É preciso exigir de cada um o que cada um pode dar, frisou o rei”. Mas ele se achava com uma suprema autoridade “como os adultos são estranhos” refletiu o Pequeno Príncipe. O segundo planeta era habitado por um homem vaidoso, óbvio que para as pessoas vaidosas todos são seus fãs. Já no planeta seguinte, existia um bêbado, e somente ele ali, o pequeno príncipe só pode sentir tristeza diante de tanta solidão e vergonha… e prosseguiu com sua viagem.
O quarto planeta era habitado por um homem de negócios, ele era dono das estrelas, contou ao pequeno príncipe que ninguem teve a ideia de se apropriar delas, logo elas as pertencia. O quinto planeta era minúsculo, e continha apenas um lampeão, um acendedor de lampeão e um homem que o acendia e apagava a cada minuto conforme o planetinha girava. O sexto planeta era habitado por um velho que escrevia livros gigates, sempre comprometido com a verdade, era um bom geógrafo.. orientou o pequeno príncipe a conhecer o planeta Terra.
Chegou então, o pequeno príncipe, ao planeta Terra, que não é qualquer planeta. Ao explorar nosso planeta, encontrou um jardim repleto de rosas, todas iguais às sua flor que achava ser inigualável. Encontrou então uma raposa, que logo lhe pediu para que a cativasse, o pequeno príncipe não entendeu o que era cativar, mas a raposa o explicou… “Se tornas eternamente responsável pelo que cativas”, e assim ele entendeu que era responsável por sua rosa que o cativou.
Foi assim que o Pequeno principe chegou a mim, e depois de me ajudar encontrar água em um poço no grande deserto, precisei me despedir desta criatura agradável, más como me despedir dele se ele me cativou? Olhar aos céus era o que me restava, e em cada estrela que eu avistasse, seu sorriso estaria lá, era como olhar milhões de sorrisos. Ele partiu.
E nenhum adulto entenderá como isso é importante.
Espero revê-lo um dia, mas enquanto isso, cada estrela e cada sorriso de criança me trará sua lembranças…
Os adultos são tão estranhos…