Com o título de campeã do Grupo de Acesso II no carnaval passado, o GRESV Ilu Ayê apresentou o enredo que levará para o seu desfile de 2023 no Carnaval Virtual.

Pavilhão oficial da agremiação
De autoria de Felipe Santos e Fernando Saol, a preto e branco do Rio de Janeiro/RJ irá homenagear Exú Apavenã através do enredo “Apavenã”.
Confira abaixo a sinopse do enredo divulgada pela agremiação:
APAVENÃ
O mundo sofre com a intolerância
Há desrespeito entre os iguais
O povo de santo tem esperança
Que o preconceito vai acabar
Até que um dia
Um humilde babalorixá
Recebe a mensagem
Quem vem de Oxalá
Búzios na mesa
São os olhos de Ifá
A missão que se aproxima
Só Apavenã pode ajudar
Do Castelo de Canjica
É ele, o sentinela
Não se fala com Oxalá
Se não parar na sua cancela
O Exu come primeiro
Antes mesmo que seu pai
Pois é fiel escudeiro
E a língua dos homens sabe falar
O homem que zela o santo
Conhece as dores do mundo
E sabe que Apavenã
É caldeirão que ferve sem fundo
O padê foi arriado
Na porta de Apavenã
Batam palmas 7 vezes
Ontem, hoje e amanhã
Apavenã está faminto
Precisa se alimentar
A missão é oferecer
Fortalecer o filho querido de Oxalá
Com alguidares de barro
Lá vai o babalorixá
Arriar na porta do Moço
Farinha de milho criolo
Com azeite de dendê
E um galo vai amolar
O silêncio só se quebra
Quando ijé pingar
Se lembrou de saudar Exu
Cantou alto, com fervor
O ponto que aprendeu
No seu querido Omolokô
É um mavile mavambo
Ê compensuê, iá iá iá, ê compensuê!
É um mavile mavambo
Ê compensuê, iá iá iá, Ê compensuê!
Exu Apavenã
Exu Apavenã
Na minha aldeia ainda é
Exu Apavenã!

Logo oficial do enredo
Exu ouviu da Cabana
A sua invocação
Saiu girando, cantando
Tacape de Falo na mão
Os olhos corriam fogo
Os pés levantavam poeira
Apavenã se aproxima
Sem pisar no chão, flutua
Exu paralisou o tempo
Mas o vento continua
Ele vai
Ele volta
Ele foi
Ele vem
Apavenã já sabia
Que o mundo não ia bem
O Senhor da Peneira
Então, resolveu falar
A Boca do Mundo se abriu
E dela deu pra ouvir
Nos contou sobre a boneca
Que vai representar
Aos filhos de santo, a esperança
É preciso enfeitar
Calunga com fios de conta
De todos os orixás
O zelador se emociona
Com a importância da missão
Apavenã será o guia
Vai ser sua intuição
Vai pisar todos seus passos
Dessa grande obrigação
Saiu então pelo mundo
Pra encontrar, reunir
Os elementos para o grande borí
Licença pediu pra entrar
Autorizado pelo vôo rasante
É preciso encontrar uma cabaça
Que receberá cachaça
Água’rdente, pinga-fogo
Oxorongá são as guardiãs
As feiticeiras
Não entregam de primeira
Pois a cabaça simboliza a mulher
Ao saberem qual seria a serventia
Babalorixá recebeu o seu axé
E sentiu o fundamento
Que alimenta sua fé
O ventre da cabaça faz surgir
E ela vai gerar nova energia
Hora de ir embora
Licença pediu pra sair
Sete moedas de ouro
Sete moedas de prata
Pra pagar os guardiões
Que defendem toda a mata
E em troca um presente
O ramo de bate-folhas
Ervas que abrem caminhos
Quebram espinhos
Tal qual viu
Em Tumba Junsara
Apavenã que mandou
Pisar no solo sagrado
Onde Babá Ô Egún
Faz vigília ao passado
E todos os ancestrais
São o pó de sua terra
Vai saber que o Furá
Fecha o corpo, protege
Mandioca moída
Água que cai do céu
Com as próprias mãos, modele
As imperfeições são bem vindas
São elas que prendem o mal
O Furá desfaz a energia
Que no corpo vira verme
O ritual que se inicia
Para o Orí do mundo
A Calunga simboliza
O desejo de melhorar
Para o povo de santo
Que tanto sofre, enverga
Vai proteger os terreiros
Nunca mais a louça quebra
E nesse lindo borí
Pedimos misericórdia
Oxalá cubra seu manto
Afaste de nós, a corja
O acassá modelado
Na folha de bananeira
Alá espetado no prato
Defumador queimando
Copo d’água
Vela acesa
O Babalorixá
Cumpriu sua missão
Mas nada ele fez sozinho
E terá a gratidão
Eterna do seu amigo
Orixá de prontidão
Na sua aldeia ainda é
Exu Apavenã.