K-7 Paulista prepara sua estreia no Carnaval Virtual cantando os enredos CEP’s

Estreante no Carnaval Virtual 2024, o GRESV K-7 Paulista está se preparando para a disputa do Grupo de Acesso II.

De autoria de Leandro Santana, a escola apresentará o enredo “Mais um enredo CEP”, uma homenagem bem-humorada aos enredos CEP’S.

Confira abaixo a sinopse divulgada pela agremiação:

Mais um enredo CEP

Pesadelo para muitos torcedores, desalento para tantos corações criativos e motivo de orgulho para tantos outros patrocinadores, os enredos “CEP” são, sem dúvida, um dos mais polêmicos no carnaval brasileiro. Para nossa estreia nesta folia virtual, nosso K-7 Paulista, engalanado, orgulhosamente se inspira em tantos enredos “CEPs” para exaltar a própria existência dessa tão espinafrada categoria!

Vocês estão prontos para nossa viagem?

De pronto ergue-se uma fórmula quase que obrigatória do que se deve contar e do que não se deve dizer, afinal de contas, o que manda é a propaganda… a exaltação gloriosa desta terra – seja ela qual for-.

É a promessa da verba, tão libidinosa e sorrateira, que nos faz acreditar que independente do destino, a Arte dará conta de transformá-lo no mais belo carnaval, posto que o luxo flerta com o olhar de quem almeja uma vitória.

Eis que surge, em meio a promessas e politicagens, o tempo como primeiro contratempo (com o perdão da ironia). A necessidade de se estruturar um enredo sobre uma localidade desconhecida em tão pouco tempo… afinal, o carnaval é para “ontem” e o prazo de entregas se aperta enforcando o próprio processo de pesquisa.

No máximo, uma enciclopédia no “www” mais famoso.

Para nossa sorte, em Terras Brasilis, cada rincão desse país-continente é constituído por lendas, histórias e paisagens dos povos originários. E aí, nessa narrativa que se constrói às pressas, por vezes, não se considera muito a origem étnica de qual nação indígena ocupava aquela parcela do território, o que vale é a romantização de uma natureza exuberante, acompanhada dos grafismos que tingem corpos e ornam vasos… No genérico mesmo, na suntuosidade de uma fauna, de uma flora (que não existem mais) e de um imaginário “nativo” (que lá não mais reside).

Logo oficial do enredo

Um Tupã aqui, uma arara acolá, folhas, cachoeiras e voilá: um suntuoso abre-alas.

A história segue, ainda, a própria cartilha da invasão europeia em Pindorama e entram nesse mapa-enredo, então, os colonizadores: Portugueses, espanhóis, franceses, holandeses… algum desses vai estar lá na fundação dessa cidade ou estado, quando não, todos eles.

Vai estar também algum padre, ou missionário… a cruz que se sustenta aos céus, de tantas catequizações se faz presente e aí, sob a égide do catolicismo, até o nome que batiza esse quinhão é santo. Tudo tem que ser harmônico, nada que pareça muito opressor!

Na dúvida, alguma face de Nossa Senhora vai aparecer como padroeira para abençoar de maneira devida essa terra que algum minério ou bem precioso terá … pode ser o ouro, o ferro, até mesmo o zircônio. Se não tiver: é cana ou café.

Lavouras e trabalhadores da terra… arado e subsistência: o mais belo e estereotipado bucolismo “caipira”, “sim sinhô”! Exaltando o homem do campo que, aqui, não está mais sufocado pela pressão dos plantations… afinal, no enredo a gente só coloca no mapa o que é bonito de se ver.

Junta-se aqui, também, a industrialização das engrenagens exuberantes que geram “modernidade” e atraem novos migrantes, trabalhadores…

Seria essa uma “cidade grande”? Progresso e investimento!

Mas vejam bem… para atrair turistas não basta uma exaltação limitada de uma história linear e burocrática… é preciso também oferecer entretenimento para despertar o interesse para que os turistas possam conhecer esse tão sonhado destino.

Exalta-se, assim, a culinária: prato, garfo e faca, não precisa de muito mais que isso.

Destacam-se as festas: pode ser uma quermesse com bandeirola e fogueira.

Homenageiam-se os artistas: pinceis e notas musicais já indicam o que quer que tenha por lá.

Incentiva-se a prática esportiva: bola de futebol, arcos olímpicos, tudo dentro do programado, as vezes uma roda de bicicleta para se aliar a linha ecofriendly.

Nesse campo de representações vagas e abstratas, surgem os brasões e as flâmulas,símbolos da materialização desses lugares, sempre com galhardia e masculinidade (pois vejam bem, a história é escrita por homens brancos, não é mesmo?): uma veste de um bandeirante, um braço forte empunhando uma cruz…

Símbolos tão simbólicos (se é que cabe tal redundância).

São totens que brilham de forma alva, quase etérea, para evocar uma noção sublime de um lugar perfeito, destino ideal para quem quer viajar.

Tudo isso, é claro, se tratando de Brasil…Se o CEP for estrangeiro, aí a gente apela para o big-bang e começa tudo de novo!

Author: Lucas Guerra

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