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Paranapiacaba é o enredo do Reixo do Axolote para o Carnaval Virtual 2024

Estreante no Grupo de Acesso I, o GRESDVM Reino do Axolote cantará a cidade de Paranapiacaba.

De autoria de Cássio Rosado Correia e Ana Talamine, a escola desenvolvera o enredo “Paranapiacaba- Jeito Inglês, Rica de Belezas, Histórias e Mistérios” no Carnaval Virtual 2024.

Confira abaixo a sinopse divulgada pela agremiação:

Paranapiacaba- Jeito Inglês, Rica de Belezas, Histórias e Mistérios

INTRODUÇÃO

Paranapiacaba, situada no distrito de Santo André, São Paulo, é uma Vila misteriosa, que esconde segredos em suas ruas de paralelepípedos e casas antigas. Com sua atmosfera envolta em neblina e história, o lugar atrai a curiosidade de quem se aventura por suas trilhas e vielas. Os antigos trilhos de trem, as construções centenárias e as lendas urbanas alimentam a aura enigmática que paira sobre o local. Entre os mistérios que permeiam Paranapiacaba, há relatos de aparições sobrenaturais, eventos inexplicáveis e histórias sombrias que ecoam pelos corredores do tempo. Aqueles corajosos o suficiente para explorar essa Vila encantada se veem envoltos em um ambiente único, onde o passado se mescla ao presente, criando uma experiência intrigante e inesquecível.

Paranapiacaba, nos convida a refletir sobre a beleza e o poder do desconhecido. Em meio à sua atmosfera enevoada e histórias envolventes, somos lembrados de que nem tudo pode ser compreendido ou explicado. A Vila nos ensina a abraçar o mistério, a explorar o inexplorado e a encontrar encanto naquilo que foge à nossa compreensão. Paranapiacaba nos lembra que, às vezes, é nos lugares mais enigmáticos que encontramos as experiências mais fascinantes e as lições mais profundas sobre nós mesmos e sobre o mundo ao nosso redor.

SINOPSE

Paranapiacaba (“lugar de onde se vê o mar”, em tupi-guarani) está localizada em uma região onde, durante os dias claros, os indígenas que passavam por ali avistavam o mar, depois de subir a Serra do Mar rumo ao planalto. No século XIX, naquele caminho íngreme utilizado pelos índios, desde os tempos pré-coloniais, seria construída uma estrada de ferro que mudaria a paisagem do interior paulista.

A expansão da cultura do café no Vale do Paraíba (estados do Rio de Janeiro e São Paulo) determinou a construção da Ferrovia Santos-Jundiaí. A próxima região ocupada pela cultura cafeeira seria o oeste paulista, no interior do Estado e tornou-se urgente encontrar um meio de escoar o café com maior facilidade para o Porto de Santos. Os primeiros estudos para a implantação da ferrovia começaram em 1835 e, a partir de 1850, o projeto começou a sair do papel, por iniciativa do Barão de Mauá.

A Vila de Paranapiacaba situa-se onde se instalou o Centro de Controle Operacional e Residência para os funcionários da companhia inglesa de trens
São Paulo Railway, que realizava o transporte de passageiros e da produção de café das fazendas paulistas para o Porto de Santos. Assim, a ocupação dessa região está associada à construção da Ferrovia Santos-Jundiaí, a partir de 1860, com as obras comandadas pelo engenheiro inglês Daniel M. Fox.

Após a inauguração da ferrovia, em 1867, o acampamento passou a ser utilizado pelos operadores e mantenedores da maquinaria e do tráfego ferroviário. Assim, construiu-se a Estação Alto da Serra, primeiro nome dado ao lugarejo. Devido à sua localização, último ponto antes da descida da serra, a vila começou a ganhar importância. Na mesma época, em torno da Estação São Bernardo, surgia a futura cidade de Santo André, à qual pertence a Vila de Paranapiacaba.

A ocupação no interior do Estado se consolidou graças à estrada de ferro. O comércio e a produção agrícola aumentaram significativamente e a ferrovia começou a ser duplicada. Paralelamente às obras de duplicação, a vila também era modificada. No alto de uma colina, os ingleses construíram a casa do engenheiro-chefe, chamada de Castelinho, de onde toda a movimentação no pátio ferroviário poderia ser observada. Nessa época, também foi erguida a Vila Martim Smith com casas em estilo inglês, de madeira e telhados em ardósia, para servir de moradia aos funcionários da empresa.

Em 1900, o novo sistema de planos inclinados é inaugurado e recebe o nome de Serra Nova. Do outro lado da estrada de ferro, a Parte Alta de Paranapiacaba, que não pertencia à companhia, seguia padrões arquitetônicos diversos daqueles da vila inglesa. Até meados da década de 1940, os moradores do local viviam como uma grande família na vila bem cuidada, com ruas arborizadas e casas pintadas. O Clube União Lira Serrano – centro de uma intensa atividade sociocultural – promovia bailes, jogos de salão, competições esportivas, encenações teatrais, exibições de filmes e concertos da Banda Lira.

Em 1946, termina o período de concessão da empresa São Paulo Railway Co. e todo seu patrimônio é incorporado ao da União, fato apontado pelos antigos moradores como o início da decadência da vila. Com a desativação parcial do sistema funicular, na década de 1970, parte dos funcionários é dispensada ou aposentada e outros são contratados, para cuidar do novo sistema de transposição da serra, a cremalheira-aderência.

Mercado de Secos e Molhados

Construído, em 1899, depois de restaurado passou a funcionar como Centro Multicultural.

Cambuci
“Cambuci. A gente tem até um festival de Cambuci aqui que é em setembro, o mês inteiro. Tudo é de Cambuci. É sorvete, é cachaça. A melhor cachaça de Cambuci da região é a que aqui tem um bar que ganhou até um prêmio da cachaça de Cambuci.

E na cidade a gente tem algumas festas, então o Cambuci é a coisa mais importante da cidade. Tudo é Cambuci. E a frutinha mais ruim é essa, mas tudo é Cambuci. É de sorvete para cachaça, então tem coisas que têm que ser mais… O Cambuci é a coisa”.
(Relato da Ana Talamine- Moradora de Paranapiacaba- Empório Irmãs da Lua).

Logo oficial do enredo

Castelinho (Atual Museu do Castelo)

Construído em 1897, o Museu foi a moradia do engenheiro chefe da ferrovia. Hoje, abriga diversas peças antigas e a memória social da vila. O Museu conta com uma exposição permanente, uma maquete física de toda a Vila, cinco totens instalados no piso superior com fotos da vista das janelas do Museu Castelo, aproveitando a posição estratégica da construção, e possui também banners distribuídos por todas as salas que contam a história da implantação da Vila Ferroviária.

Situado entre Vila Velha e a Vila Martin Smith, foi construído por volta de 1897 e era utilizado como a residência do engenheiro-chefe e gerente do tráfego de trens da Serra do Mar. Sua imponência simbolizava a liderança e a hierarquia que os ingleses impuseram a toda a Vila.

Paranapiacaba está entre os 100 monumentos mais importantes do mundo, pelo World Monument Fund e também é reconhecida pela Unesco como patrimônio de relevante valor para a humanidade

Trem Turístico

O Trem Expresso para Paranapiacaba é, sem dúvida, o passeio mais indispensável pela região. Fabricado na década de 1950, o trem passa por
paisagens pitorescas e faz com que o passageiro sinta que está voltando no tempo. Ao total, são 48 quilômetros e 1h30 de distância.

Parque Nacional das Nascentes

Paranapiacaba é rodeada por importantes Unidades de Conservação do Meio Ambiente. Uma delas é o Parque Nascentes. Assim como o nome sugere, a reserva foi criada para proteger e conservar as diversas nascentes da área, como a do Rio Grande, principal formador da Represa Billings.

Museu do Funicular

O Museu do Funicular é onde se encontram as oficinas, ferramentas e utensílios que eram utilizadas para fabricação e utilização dos trens. Alguns dos vagões ainda estão preservados, como o vagão funerário. O Museu do Funicular abriga uma exposição permanente de fotos e diversos objetos de uso ferroviário.

Pátio Ferroviário

No Pátio Ferroviário encontram-se os principais ícones da Vila de Paranapiacaba, o Relógio da Estação, a Ponte que liga a Parte Alta com a Parte Baixa e o Locobreque.

Erguida em 1898, a torre do relógio é um dos cartões-postais da cidade. O destaque fica por conta do relógio da marca Johnny Walker, de Londres. Suas badaladas regulavam os horários dos trens e a entrada e saída dos funcionários da ferrovia.

Paranapiacaba e suas Lendas de Assombrações

Índios e o Caminho de Machu Picchu. Festival de Inverno e o Primeiro
Campo de Futebol do Brasil Oficial

“Dizem também que existe um caminho que é lá… que vem lá de Machu Picchu até aqui. Existe umas… aqui na padaria, no mercado. Existe umas pedras que são históricas, que têm um caminho, que dizem que os índios, eles traziam as comidas, os guentos, as ervas, e eles faziam esse caminho de santos também com os negros, escravos, todos passando por Paranapiacaba. Eu não sei bem essa história, mas existem alguns livros históricos que falam sobre isso, que é bem interessante. Que vem a história, o porquê da vila e o porquê que a vila foi tão importante para o conhecimento de todos. E uma coisa que eu acho muito legal também, o primeiro campo de futebol do Brasil é aqui em Paranapiacaba. Com as medidas oficiais. Ele foi até reformado agora, veio governador e tudo. E também a gente tem o Festival de Inverno, que é em Junho e Julho, que também é um mês todo, bastante importante, que vem mais de um milhão de pessoas na vila. Então, são coisas que são muito importantes na nossa Vila, que acontecem todos os anos, há muito tempo. No festival de inverno do ano passado (2022), eles fizeram a reforma dele. Primeiro campo de futebol do Brasil. E a primeira vez que jogaram futebol, foram os ingleses que trouxeram. Também é bem interessante colocar. Eu acho uma coisa bem legal”.
(Relato da Ana Talamine- Moradora de Paranapiacaba- Empório Irmãs da Lua).

Fantasma do Castelinho

Hoje, o Castelinho virou museu, mas continuam surgindo relatos de sons estranhos em um dos quartos. As pessoas que já viram o vulto dizem que ele se parece com um dos quadros na parede… Exatamente o que mostra Daniel Fox ao lado da esposa.

Dama do Lira

“Tem um tenor, o Lira que agora está fechado, era um lugar de festas muito grande, eventos históricos, e vinha gente de tudo que era lugar de São Paulo. E eram festas muito famosas, então existia um tenor que era o namorado da bailarina, que é outra lenda de Paranapiacaba. Esse tenor está enterrado no nosso cemitério ali em cima. E se você olhar para a foto do tenor, ele te segue. Ele é um cara muito bonito, para a época, ele era um cara muito bonito, e ele era o namorado da bailarina. A bailarina se suicidou porque esse tenor morreu e ela ficou depressiva e se matou. Por isso que aparece ainda ela dançando, e muitas vezes ele cantando lá no Lira”.
(Relato da Ana Talamine- Moradora de Paranapiacaba- Empório Irmãs da Lua).

Pau da Missa

Quando os ingleses viviam na Vila, eram de maioria religiosa protestante e anglicana. Na parte alta ficava (ainda fica) a igreja católica Bom Jesus de
Paranapiacaba. Para anunciar cerimônias, procissões, missas de sétimo dia e cortejos fúnebres aos moradores católicos da parte baixa, o padre usava uma árvore conhecida como Pau da Missa. O costume continua na mesma árvore, embora boa parte dos moradores tenha adotado a religião evangélica. Diz a lenda que se alguém bater três vezes à meia-noite nesta árvore verá o espectro da pessoa que morreu cujo nome está anunciado no Pau da Missa.

Trem- Fantasma

“Essas são histórias verídicas que estou contando, porque são pessoas de hoje que já viram, que já conversaram com essas pessoas mortas. Tem alguns historiadores da vila que era interessante você conversar, porque eles têm muitas histórias, não só de tempos atrás. A gente tem um trilho de trem que morreu mais de 14 pessoas ou 15 pessoas de uma vez, porque na época era tudo amachadada, tudo eles faziam à mão. E quando eles estavam entrando num buraco, aquilo lá caiu e matou todo mundo. Vem um caça-fantasmas brasileiro aqui, que é um senhor e uma senhora com a aparelhagem, e eles gravaram gritos e sons e choros dentro desse lugar. Agora é o lugar onde um trem passa. Então, tem muitas histórias muito legais, porque é uma cidade muito grande. Na minha casa, lá no Empório Irmãs da Lua, a gente sente que existem espíritos que estão ali dentro e que muitas vezes eles querem conversar. Ou a gente pega e bota uma coisa num lugar, ela cai, ou ela vira, ou ela aparece de outro lado. Quando eu peguei a chave do empório, eu olhei lá em cima no castelinho, o cara lá do castelinho, o dono do castelinho, que é o engenheiro, estava me olhando, dizendo assim, quem é essa pessoa? Quem é essa pessoa que está entrando na minha casinha? Aí, eu olhei para ele e disse, ó, tio, de boa aí, só estou entrando, vou cuidar com todo o amor dessa casa, vou respeitar as entidades que estão aqui dentro. Me apresentei e ele pelo jeito, assim, me deu a benção dele e disse, tá bom, vou te deixar trabalhar. Porque a vila de Paranapiacaba, ela é uma vila, ela não é que nem São Tomé das Letras, que a energia é alta, aqui a energia é baixa. Então, ou ela te acolhe ou ela te manda embora. Então, é uma vila acolhedora para algumas pessoas e para outras pessoas, você não consegue ficar lá dentro. Eu já tive pessoas trabalhando na loja que ficaram mesmo que enlouqueceram e não quiseram mais aparecer porque não tem essa, a energia da vila é muito complicada. Então, tem seres, tem pessoas que eles deixam entrar na vila para que comecem a limpar, porque respeitam o lugar. Então, assim, é muito massa, muito massa mesmo”.
(Relato da Ana Talamine- Moradora de Paranapiacaba- Empório Irmãs da Lua).

Jack Estripador

“A Rainha da Inglaterra, na época, ela tinha um médico que era muito famoso, todo mundo conhecia ele como o médico da Rainha da Inglaterra. E esse médico, diziam que era o Jack Estripador. Foi visto na época, foi conhecido na época pelos policiais da Inglaterra e eles chegaram a esse médico. Só que como ele era o médico oficial da Rainha, na época a Rainha não podia ter isso no nome dela. Imagina que descobrissem que o médico que era da Rainha da Inglaterra era o Jack Estripador que estava matando as prostitutas lá na Inglaterra. Então, o que que ela fez? Ela pediu pra que pegassem o médico e mandassem ele para o lugar mais longe da Inglaterra possível. E naquela época eles estavam fazendo aqui a vila de Paranapiacaba, que era uma província ainda, né. Então mandaram ele pra cá. O Jack Estripador ele veio pra cá, ficou aqui como médico, só que ele não foi enterrado no cemitério aqui de Paranapiacaba. Ele foi enterrado num outro cemitério que na época os portugueses, que eram os caras que mandavam na parte de cima, não deixavam nenhum inglês ser enterrado ali. Então não se sabe aonde que o corpo dele tá enterrado. Mas isso é uma coisa interessante também, porque dizem que o Jack Estripador veio morar aqui em Paranapiacaba nessa época”.
(Relato da Ana Talamine- Moradora de Paranapiacaba- Empório Irmãs da Lua).

A Lenda do Véu da Noiva

É difícil observar a densa neblina pairando sobre a vila sem se perguntar de onde vem. Surgindo e tomando conta de toda a vila, um ar que chega a dar arrepios, quase como se quisesse nos amedrontar. A neblina, densa e indecifrável que todos ficam admirados vendo sua chegada. Não sabem que por trás desse véu branco há uma triste lenda.

Uma das lendas mais conhecidas pelos moradores, narra a trágica história de uma moça, filha do engenheiro chefe, que se apaixonou por um dos seus
operários e foi impedida de realizar sua cerimônia de casamento. Tudo pronto para o casamento! O mais belo vestido vindo da Capital com um véu tão longo que mal caberia no salão da igreja. E o noivo? Trancado por seu pai enfurecido em um dos vagões com destino a baixada, impedido de comparecer à sua própria cerimônia.

A noiva desesperada por descobrir que seu pai mandou seu noivo serra abaixo. Larga tudo e corre atrás do seu amor, descendo pelo caminho dos trilhos, aos prantos, tropeçando, caindo várias vezes e ao continuar sua descida, chega ao meio da primeira ponte, se desequilibra e despenca no meio do abismo. Diz a lenda que seu corpo nunca foi encontrado. E a densa neblina que invade a Vila de Paranapiacaba em alguns dias, seria até hoje sua alma com seu lindo véu esvoaçante em busca de seu amor.

O Balanço Solitário

O vento seria capaz de movimentar um balanço? Sim, claro. Mas e se eu te contar que apenas um dos 4 balanços se movimenta enquanto os balanços ao lado continuam parados? Sinistro, não é?

Diz a lenda que há várias décadas, um parquinho que fica ao lado do famoso Clube União Lyra Serrano, foi cenário de mais uma lenda, viva até hoje. Em uma das casas de frente a esse parquinho, morava uma família inglesa com três integrantes: pai, mãe e filha.

Em um dia comum, a vila estava envolta de neblina, a pequena menina atenta, observava pela janela os balanços do parquinho. Inquieta perguntou para a mãe se poderia brincar lá fora. Sua mãe estranhou a pergunta, pois estava muita neblina e ainda assim, a menina queria sair para brincar.

Mesmo sabendo que a resposta da mãe seria não, a menina insistia, quase chorando, dizia que seu amiguinho estava chamando lá de fora.

Sua mãe decidiu ir até o parquinho para então conversar com o tal amiguinho. Ela procurou, andou pelo parquinho mas não avistou ninguém, em meio a neblina, sua filha apontou para um dos balanços em movimento e disse: “ele está ali mamãe!”. Mas ela não via ninguém. E mesmo sem ninguém, o balanço verde, balançava sem vento forte e ninguém por perto.

Com medo e assustada, sem saber o que fazer, a mãe pegou a filha e a levou para casa. Fechou as janelas e ficaram ali, muito assustadas.

Depois de alguns anos, a família se mudou e a menina não pode brincar com seu amiguinho que a espera até hoje, solitário em seu Balanço na Vila de Paranapiacaba.

Bruxas e Magos

“Na época que eles começaram a fazer o trilho do trem, tudo era muito manual. Então os homens que começaram a trabalhar, quase todos nordestinos, que na época tava vindo muito nordestino aqui pra região de São Paulo, né, nessa região. Eles não tinham essa capacidade que tem hoje. E era tudo muito manual. Então o que que acontecia? Dizem que tinha um lugar nos trilhos que amputava as pernas das pessoas, porque um fechava de um lado o trilho e os outros que estavam trabalhando do outro lado não dava tempo de tirar a perna e cortava fora. Aí existia uma senhora que ela era uma curandeira na região antes do hospital que é o hospital velho que existe aqui. Se chamava dona Dorita. Ela é uma nordestina que veio com o marido. Esse marido trabalhava nos trilhos do trem e ela cuidava dessas pessoas. Ela fazia os partos. Ela pegava as meninas que ganhavam nené e em vez de deixar elas na casa delas, ela tinha um quarto na casa dela que deixava a menina até ela ficar bem e mandava ela embora. E chamavam ela de bruxa, porque tudo isso que ela curava, ela curava com as ervas. Com as ervas que a mãe dela, na época lá ensinou ela e enfim. Então ela foi a primeira bruxa de Paranapiacaba, dona Dorita. Faziam de tudo para mandar ela embora. Pegaram o marido dela, mandaram o marido dela embora do trabalho para ver que se ela fosse embora. Fizeram um hospital muito moderno para época aqui. Ninguém ia para o hospital. O hospital estava em moscas, em compensação a dona Dorita, ela era a pessoa que cuidava de todo mundo aqui em Paranapiacaba. Esse clima tinha muitas pessoas que ficavam muito doente por causa do clima. Ela com seus chás, com as suas ervas, ela cuidava de todo mundo. Então ela foi a primeira pessoa assim que se chamavam
de bruxa. Porque na época, você sabe que quase 200 anos atrás, a Inglaterra estava a caça das bruxas e ela era uma pessoa que trabalhava com ervas. Então chamavam ela de bruxa. E ela queriam porque queriam tirar ela de toda a maneira daqui. Ela é uma pessoa que simplesmente a história não fala dela. Porque se esqueceram dela. Falam da dona Francisca, que era uma curandeira que existia aqui. Eu conheci a dona Francisca quando eu vim morar pra cá faz o quê? 5 ou 6 anos. Ela faleceu. Ela tem até uma casa ali em cima que ainda os parentes dela vivem. Dessa casa. Ela é mais conhecida, porque ela era uma pessoa que nasceu na vila. E ela também trabalhava com ervas, com chás. Ela era uma poetisa. Ela era uma mulher muito empoderada. E então elas se falam também muito da dona Francisca, que era também uma das bruxas aqui de Paranapiacaba. Aí a gente tem o Festival das Bruxas, que é sempre em Maio, e esse Festival das Bruxas, ele vai entrar nos Guinness agora, porque é o maior tempo de festival que tem na América Latina em uma cidade só. Se eu não me engano, são 28 ou 27 vezes que já aconteceu isso, que seria da Tânia Gori, mas a cidade toda fecha”.
(Relato da Ana Talamine- Moradora de Paranapiacaba- Empório Irmãs da Lua).

O Fantasma da Vila

“Tem outras histórias de um senhor que é falecido, porque aqui tudo é história. Mas pessoas que chegam na vila pela parte de cima, quando tem a neblina, porque isso acontece só quando a neblina desce, quando tem a neblina, eles não enxergam ninguém na rua, só enxergam um senhor e começam a perguntar para ele. E ele começa a te contar sobre a vila, onde é as coisas, o que acontece. E as pessoas vão nos lugares, e ele diz, vai por aqui, vai por ali. Quando você está perdido na neblina, simplesmente aparece esse senhor, ele diz, não, dobra aqui à esquerda, à direita, você vai no seu caminho. E ele está enterrado também no cemitério, e muitas vezes as pessoas visitam o cemitério, enxergam a foto dele e dizem, não, foi esse senhor aqui que me deu as dicas lá em cima. Então ele é um fantasma da vila, também muito conhecido. Tem pessoas conhecidas minhas que já viram, que já pegaram informações com ele, e é muito estranho isso”.
(Relato da Ana Talamine- Moradora de Paranapiacaba- Empório Irmãs da Lua).

Picafumo

“Não sei se te contaram também a lenda do Picafumo, que é um andarilho que aparece sempre nos verdes, nos matos por aí, que também são pessoas que já viram ele. O Picafumo, ele viveu há uns 150 anos atrás e ele era um cara muito, muito complicado de se lidar. Ele não tinha família, não tinha ninguém e ele era uma pessoa muito rude. Aí tinha uma senhorinha que ia sempre na igreja e essa senhora viu que o Picafumo estava ficando doente e daí ela pediu para o padre, padre, vai lá no Picafumo, fala com ele, dá uma bênção, o cara está doente, ele não tem família. E o padre da igreja, não, esse cara não vale uma reza, ele não vale nada, ele é uma pessoa muito rude, não sei o quê. E isso foi, foi indo, foi indo, foi indo, o Picafumo ficou doente, morreu. Aí a velhinha, padre, lembra do Picafumo? Pois é, ele faleceu. Será que o senhor pode fazer uma oração para ele? Ele vai ser enterrado sem ninguém, ninguém gosta dele, e a gente vai enterrar ele e a gente queria uma oração. O padre disse, eu? Orar para esse cara? De jeito nenhum, não vou de jeito nenhum orar para ele. Aí ele foi enterrado lá em cima no cemitério. E tudo certo, sete dias depois começaram a bater na porta do padre. Pum, pum, pum, pum. Olhou para fora. Era o Picafumo. Aí o padre, eu não vou dar uma oração para esse cara, não. Ele está morto que não sei o que. Desenterraram ele e o padre disse assim, em vez de eu dar uma oração, eu vou pegar e vou botar cal. Porque dizem que quando você coloca cal, na pessoa, ela desintegra. Quando tiraram ele, ele estava certinho, não tinha nada apodrecido, nada, nada, nada, nada. E já fazia 15 dias isso, que
ele já tinha morrido, ele tinha que estar pelo menos podre e não estava. Aí eles colocaram cal e enterraram. 14 dias depois, pá, pá, pá, pá. Era o Picafumo querendo a bênção do padre, para ele ir para o céu, né. E o padre, eu não vou dar uma extrimução para esse cara que não sei o que. Pegaram e tentaram queimar o Picafumo. Não conseguiram. Aí o padre diz, pega esse corpo, tira daqui e coloca lá no meio do mato, que eu não quero mais esse corpo aqui. E dizem que é esse homem que aparece no meio do mato, caminhando até hoje é o Picafumo, que não ganhou a extrimução do padre, e ele tá por aí caminhando. É bem rapidinho assim, mas tem mais história. Mas como eu quero te contar rápido, esse também é uma lenda muito legal de Paranapiacaba”.
(Relato da Ana Talamine- Moradora de Paranapiacaba- Empório Irmãs da Lua).

O Senhor das Lamparinas

“Eu acho que é interessante também que tem uma outra lenda, que eu esqueci de te contar, que é a lenda de um senhor que trabalhava… Porque antigamente não tinha luz, né? Tinha aquelas velas que colocavam na cidade. Então, ele ia na cidade acendendo as velas de uns castiçais grandes, como umas lamparinas mesmo, pra que ficasse tudo aceso de tardezinha, e de manhãzinha ele ia lá e apagava. E hoje em dia ainda se enxerga ele muitas vezes, quando começa a neblina, na noitezinha, se enxerga ele acendendo essas lamparinas. Imagina uma ala com os caras com as lamparinas assim, ia ficar bem legal também, né? Que era um senhor que acendia as lamparinas”.
(Relato da Ana Talamine- Moradora de Paranapiacaba- Empório Irmãs da Lua).

Referência

Ana Talamine- Empório Irmãs da Lua

https://www.instagram.com/irmas_dalua?igsh=ZnNqMG40MjBmazJ5

http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/296

https://www.google.com/url?sa=t&source=web&rct=j&url=https://www.mbigucci.com.br/blog/conheca-a-historia-de-paranapiacaba/&ved=2ahUKEwijt5en7ZL_AhVhjJUCHQ-kCQo4ChAWegQIBRAB&usg=AOvVaw2fXTpm0VGjic7pW9zqqMvh

https://www.guiadoturismobrasil.com/noticia/3829/paranapiacaba-historia-cultura-e-ecoturismo-em-santo-andre

http://bibocaambiental.blogspot.com/2019/08/historias-apavorantes-de-paranapiacaba.html?m=1

https://www.paranapiacabaolhovivo.com/contos-lendas-e-misterios-em-paranapiacaba/

Author: Lucas Guerra

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