Portella Guerreira trará ‘O Quilombo do Amanhã’ para sua estreia no Carnaval Virtual

Preparando-se para fazer a sua estreia no Gurpo de Acesso II do Carnaval Virtual, o GRESV Portella Guerreira apresentará o enredo “O Quilombo do Amanhã”, de autoria de Adão Flores.

Confira abaixo a sinopse divulgada pela agremiação:

O Quilombo do Amanhã

Saravá, Aba! Uma linda menina de sangue nobre africano, habitante do reino de Daomé, era rodeada por visões e entidades, que guiavam seus caminhos e mostravam os rumos de sua vida. Este era o seu dom, em seu reino era nomeada como diferente das demais, embora ser diferente a tornasse singular e única. A garota vivia com sua avó, a detentora da sabedoria ancestral da cura, mãe das ervas e possessões, assim era conhecida Dona Danda. A velha senhora vivia sua vida dedicando seus conhecimentos e dons de cura para toda a população que ali vivia, uma vida inteira de sabedorias e magias. Sua neta Aba sempre a ajudava na busca de ervas e plantas medicinais, certo dia durante uma busca, a garota sentiu um aperto no peito, era o prenúncio das suas entidades, formado por uma grande ventania, a partir daquele momento o caos e o desespero passaram a assolar o instante.

Os batuques se calaram e o som das correntes prevaleceu, os reis e rainhas pretos daquele reino estavam sendo acorrentados e amordaçados por invasores. Dona Danda não conseguiu suportar tamanha dor em ver o sofrimento dos que sempre estiveram com ela, mas antes da partida para o Orun, ela deixou à neta uma única missão: “Cuide do nosso povo e resista por eles, a sua sabedoria é certeza para toda vida!”.

Logo oficial do enredo

A cada hora o tempo em Daomé diminuía, toda população passaria pelo portal, nomeado o portal do apagamento, aquele em que após a entrada, nunca mais seriam donos do seu destino, ao passar ali, não mais teriam suas identidades preservadas, perderiam o contato com a sua cultura, sua terra e só restaria a saudade da família.

A partir dali, a fúria dos mares tomou conta, a dor assolava o peito de Aba ao ver seus irmãos de cor morrendo em condições de insalubres e sendo constantemente lançados ao mar. No balanço da Calunga, durante todas as manhãs da travessia um pássaro branco visitava a menina, visões e alucinações forjavam sua mediunidade, ela não tinha dúvidas de que era uma mensagem de sua avó, mostrando o caminho a seguir. O pássaro representava o elo de ligação entre o sagrado e o profano.

Chegada terra firme, ares tropicais, a garota viu sua história e identidade antes escritas por tinta preta serem apagadas pela branquitude opressora. Ela nunca se conformou com tanta barbaridade, seguia seu instinto de justiça e de questionamentos, foi exatamente isso que fez com que ela fosse presa em uma senzala. Mas, buscando respostas e força em seus orixás, passou a cantar e louvá-los a todo instante, foi este canto que atraiu um caboclo flecheiro, era Eçaí, um indígena de origem Payayá, de grafias pintadas e palhas entrelaçadas à exuberantes penas. Ela viu o futuro e a esperança no olhar do caboclo que lhe mirava. Eles se apaixonaram em um único olhar, Eçaí fez de tudo para libertá-la, com seus saberes da cultura indígena conseguiu libertar a bela moça. Ainda não sabiam qual seria o rumo que deveriam seguir, a única certeza era de que a liberdade reinaria, viveriam para proteger aquele chão, aqueles povos (Indígenas Payayás e Daomés) e reviver ambas culturas, com uma fusão às entrelaçando. Durante toda essa trajetória, vários povos surgiram para agregar essa luta, juntando suas singularidades, histórias e conhecimentos. Juntos, poderiam fazer a diferença.

Aba e Eçaí construíram uma terra real e do povo, onde a mistura cultural, de crenças e ritos prevaleciam, religiões como o Babaçuê foram criadas para reviver a chama de resistência em todo axé que os dominava. Através de um trabalho de união nasceu o QUILOMBO DO AMANHÃ, que originou festanças e religiões afro-ameríndias, na busca de um futuro ancestral e miscigeno. Através desse quilombo surgiu toda base cultural do nosso Brasil, de chão ancestral, cultural, preto e indígena. Esta união se fortaleceu como um baobá, estabelecendo raízes de força e bravura que regem a história deste país.

Author: Lucas Guerra

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