Primeira Estação do Samba divulga seu enredo para 2023

13ª colocada pelo Grupo de Acesso I no carnaval passado, o GRESV Primeira Estação divulgou o enredo que defenderá na busca por uma vaga na elite do Carnaval Virtual em 2023.

Pavilhão oficial da agremiação

Deu autoria de Vinícius Santiago, a verde e rosa, do Rio de Janeiro/RJ, irá apresentar o enredo “Manchas de um velho mar”.

Confira abaixo a sinopse do enredo divulgado pela escola:

SINOPSE

As Manchas de um Velho Mar contam histórias carregadas de dor, sofrimento e escravidão.
É onde se encontram as cicatrizes de um passado cruel, que ainda ecoam nos dias de hoje.

Dos reinos africanos, homens e mulheres eram sequestrados, vendidos e tratados como
mercadorias. Nas mãos dos traficantes de escravos, eram privados da sua liberdade, dignidade
e humanidade. Separados das suas famílias, línguas e culturas, eram submetidos a condições
infernais, onde a morte era uma companheira constante.

“Que noite mais funda calunga
No porão de um navio negreiro
Que viagem mais longa candonga
Ouvindo o batuque das ondas
Compasso de um coração de pássaro
No fundo do cativeiro
É o semba do mundo calunga
Batendo samba em meu peito
Kawo Kabiecile Kawo
Okê arô okê”

No ventre de um navio negreiro, que é o nosso cenário principal, milhões de africanos foram
forçados a uma jornada sem volta, onde o fim muitas das vezes era o calunga grande, o oceano
infinito que devorava corpos e almas.

No velho mar, a luta pela sobrevivência enfrentava as forças da natureza e dos homens. Sob o
sol escaldante, a chuva torrencial, o vento forte , vazio, e as tempestades, os escravos eram
amontoados nos porões dos navios, onde mal tinham espaço para respirar. A fome, a sede, a
falta de higiene e os despejos nos porões tornavam o ar irrespirável, o que resultava em doenças,
feridas, mutilações e mortes.

Logo oficial do enredo

Mas não eram só as forças das natureza que ameaçavam a vida dos escravos. A bordo também
estavam os capatazes brancos, cruéis, que espancavam, torturavam e matavam os cativos que
se rebelavam ou que não aguentavam mais o sofrimento. Era uma guerra de poder, onde o
branco se julgava superior ao preto, o que legitimava a sua crueldade e indiferença.

“Vou baixar no seu terreiro”

Entretanto, mesmo em meio ao horror do velho mar, os escravos não estavam sozinhos. Eles
contavam com a ajuda dos orixás, as divindades africanas que lhes davam força, coragem e
esperança. Nas suas preces, cantos e danças, invocavam a proteção dos seus ancestrais, que os
ajudavam a suportar a dor e o medo.
Iemanjá os acolheu mesmo no fundo do mar.

“O Batuque das ondas
Nas noites mais longas
Me ensinou a cantar”

Mas o mar, por mais velho que fosse, não conseguiu apagar a chama da vida dos escravos. Com
a resistência, a solidariedade e a resiliência, eles lutaram para sobreviver e preservar as suas
culturas. Dessa luta surgiu um legado do povo de Massemba, mesmo tendo passado por todas
as dores, não perdeu a capacidade de sonhar. Dos navios negreiros, surgiram os heróis negros,
que lutaram e lutam até hoje pelos seus direitos e pelo sucesso de um futuro mais justo, onde
as manchas sejam lembradas apenas como um triste capítulo da história da humanidade.

As manchas são um lembrete de que a luta ainda não acabou.

O futuro é incerto, mas podemos construi-lo com base no aprendizado do passado, aprender
para ensinar. É preciso ter coragem para enfrentar as adversidades e perseverança para alcançar
nossos objetivos. E mesmo que as manchas de um velho mar simbolizem dor e sofrimento, elas
também representam a possibilidade de um amanhã melhor.

Nós precisamos olhar para isso tudo e lembrar que há muito trabalho a ser feito.
A Primeira Estação pede um futuro fraterno, justo, sem preconceitos e com igualdade a todos.

Author: Lucas Guerra

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