Samambaia Guerreira trará o azeite e sua história para o Carnaval Virtual 2024

O GRESV Samambaia Guerreira apresentou o enredo que disputará o Grupo de Acesso I do Carnaval Virtual.

De autoria de Murilo Polato e Lucas Guerra, a plantinha irá defender do enredo “Das olivas sagradas ao banquete virtual: Lambuze-se de azeite nesse carnaval”.

Confira abaixo a sinopse divulgada pela agremiação:

Das olivas sagradas ao banquete virtual: Lambuze-se de azeite nesse carnaval

Apresentação:

O Grêmio Recreativo Escola de Samba Virtual Samambaia Guerreira lambuza-se no Carnaval Virtual para trazer Das olivas sagradas ao banquete virtual: Lambuze-se de azeite nesse carnaval. Para contar essa história, a Samambaia traz as histórias e lendas da descoberta e revelação da importância do azeite para os povos até chegar na sua importância no nosso cotidiano, nos fornecendo saborosos pratos que encantam toda a humanidade e trazem apetitosos encontros para gloriosos banquetes. Delire-se e lambuze-se na inebriante aventura da Samambaia.

Sinopse:

Era uma vez uma cidade sem nada. Sem nome, sem vida, indo pra vala. Dois deuses, dos gregos mesmo, afinal estamos começando uma história, resolveram brigar pra ver quem seria o mais mais lá daquelas terras e patronar a cidade. Poseidon quis se exibir dando ao povo o mar. Ninguém entendeu nada do presente que o rei dos mares, já ultrapassado, ofertou ao povo da cidade indigente. Atena viu aquele bafafá todo da chacota que as águas salgadas se tornaram e deu-lhes uma árvore. A troca de olhares foi imediata, quase que uma risadaria tomou conta do lugar. Uma árvore? O que fazer com água salgada e uma árvore? Eis que a explicação veio: era uma oliveira, dali brotariam as azeitonas que produziriam um óleo dourado de sabor único. O povo da cidade sem nome entrou em êxtase pelas azeitoninhas lá na árvore. Aclamaram Atena como patrona da cidade e, já que não tinham nome mesmo, resolveram se tornar Atenas.

Viram muita utilidade na plantinha, seus galhos foram tidos como símbolo de vencer e de seu povo fertilizar – e esse povo queria multiplicar, viu – tempos sem internet e televisão, a gente entende. Quem poderia prever que até mesmo em seus corpos iriam passar, para neles brilhar, tal qual “o império do bronze, trabalho lindo”, e a Zeus louvar. Que forma de estranha de louvar um Deus, né? Mas aqui entre a gente: quem somos nós para julgar?

Logo oficial do enredo

Aquele óleo todo se tornou símbolo de paz, que leva a mensagem junto a pomba branca, igual àquela comissão de frente lá de São Paulo, sabe? Virou amuleto (será que é daqui que veio o óleo ungido?), deu proteção e fez negociação, num troca troca gostoso, que é assim que o povo gosta. Quem tem ouro líquido quer vender, quem não tem quer comprar – seja do mais baratinho ao mais caro, seja para ofertar para não ter escassez, ou a lamparina acender. E como todo personagem marcante da história, fez nascer uma cidade aos seus pés, além de no Egito chegar – e olha que nem estamos fazendo a Beija-Flor, tá? Um beijo para Brasília – no palácio de Cleópatra todo mundo parou para ver, o seu corpo todo besuntado no azeite, que beleza de viver, prontinha pra torrar no sol.

O povo da Igreja viu aquele bafafá todo por conta de um óleo, uns deuses que eles não gostavam e resolveram agir – mais uma vez estragando a brincadeira da galera – fazendo do óleo uma sagração pra quem tava tranquilo, serelepe e pimpão e pra quem tava na beira já, quase indo de Olavo. Pegaram o azeite e jogaram na bíblia (que ninguém sabe quem é a editora!) e falaram que era a presença do deus deles. Como de praxe da Igreja, tacaram logo de pegar o ouro líquido pra benzer quem dava o melhor cascalho pra eles.

Tudo estava numanice, numa paz gigante, até que começou um grande barraco e confusão. Um povo gritando mais que a pomba branca chegou invadindo tudo e acabando com os pés de oliva. Agora advinha quem pegou os pés de oliveira que sobraram? Ela mesma, mais uma vez colocando água no chopp da galera. As coitadas das azeitonas e do azeite viraram o fruto do povo da batina. Começaram a usar o óleo nos ritos, era uma benzeção com azeite que não tinha fim. Inventaram de usar pra acender as lamparinas – com o preço que tá hoje em dia isso seria um crime, mas até aí seria só mais um pra conta deles – e consagrar o povo na semana santa. Na quinta-feira pegavam uns potes e benziam, aquele azeite tinha que durar 1 ano todinho nas igrejas e nas casinhas brancas ortodoxas.

O pegapacapá era tão grande que virou uma confusão de Oriente com Europa que a gente até se perde. Foi judeu brigando com islâmico, uma confusão em árabes, sardenhos, uma loucura! Mas aí é muita história pra falar, vamos ao que interessa: o azeite chegou na Espanha. Provavelmente deve ter algum motivo para isso ter acontecido, mas aqui a gente só quis mesmo pontuar isso.

E aí a gente rodou, rodou, rodou e chegou no ponto que todo enredo assim precisa chegar: o início da humanidade. Como diz Milton Cunha: ÁFRICA! ÁFRICA! ÁFRICA! Enquanto o povo se matava pelo azeite de oliva – tudo culpa da Atena, antes tivessem ficado com a água salgada do coitado do Poseidon – o pessoal lá na África queria briga com ninguém. Por lá eles faziam seu próprio azeite desde que o mundo foi criado. Seus deuses deram a oliveira pra eles desde o início, que eles chamam de azeite doce (ninguém entende o porquê doce, mas vamos deixar baixo) e a palma, que fazia um azeite alaranjadao babadeiríssimo e que chamavam de azeite quente, o azeite de dendê. Cada povo chamava esse azeite de um nome. Os Yorubá batizaram de epô pupá. Passavam no corpo todinho e saudavam os seus ancestrais com esse líquido. Os Bantu já falavam do dendê como o mazi. Quando eles foram trazidos pra cá as sementes de palma vieram juntinhas. Pra retirar o dendê aqui eles usavam água, que deixava ela avermelhada igual o azeite lá na África. E você achava mesmo que não teriam Orixás nisso? Claro que tem! Exú, a boca que tudo come, adora uma oferenda com dendê. E dentre eles mesmos tem os Oborós do dendê e as Yabás do dendê, que também adoram um dendêzinho nas suas oferendas.

Mas vamos acalmar um pouco os ânimos? Já falamos de tanta coisa que deu até calor, vamos agora para a paz dos Orixás Funfuns, o bonde do branco. A linhagem de Oxalá é toda assim. Dendê nem pensar ou vai ver a ira do povo do branco. Por aqui é só o azeite doce, comidas claras e muita calmaria. Até a página 2, mas aí já é material para outro enredo. O que realmente importa é que esse é o enredo do azeite, só que com pegada afro – um beijo, Padre Miguel! – e a pergunta que não quer calar é: azeita?

O espírito andarilho pegou nossa cabeça e a gente andou mais que Santo Antônio de Pemba, que caminho por 7 anos. Hora de fazer um lanchinho pra forrar a barriga. Muita coisa deliciosa pra aproveitar, nesse banquete todo mundo vai entrar – ou será que não? Falaram que o caju é a cara do Brasil (e olha que a gente nem viu isso), mas é o azeite que traz a mesa o sabor de quem viu. Tá no tabuleiro de Acarajé, na moqueca que todo mundo quer. No bacalhau com batata, é a bandeja que alegra a massa até o dia clarear. É o carro-chefe para a entrada dos petiscos e a alegria de toda salada. Em uma pizza todo mundo vai regar, se com 40 reais for gastar. E nesse banquete senta-se a mesa quem com alegria faz a refeição. Nem todo mundo pode provar o gostinho, mas todo mundo quer pegar um pedacinho, ou até mesmo pegar a bola. Porém, dessa massa há de degustar, apenas àqueles quem com a mesa vai se sentar, exceto se alguém o seu cargo desejar. E tal qual o Brasil, deu em pizza, ou melhor, em parmegiana de madrugada. Deu por fim o resultado inalterado – e a rainha nem viu a Vitória – por quem na mesa havia esperado. É o puro suco, de caos, venenos, cavalarias, apocalipses e deboches. De oliva, de Rios de Janeiros, São Paulos e Espíritos, que não são nada Santos. De interiores do Sul e de Paraíba. E de Brasil. Seja ele real ou virtual, é o Brasil do Brasil.

Author: Lucas Guerra

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