Simpatia Real retornará ao Carnaval Virtual embalada pelos cordéis em 2024

Retornando aos desfiles do Carnaval Virtual o GRESV Simpatia Real apresentará uma viagem pelo Nordeste brasileiro através do cordéis. De autoria do enredista Rodry Gonçalves, a preta e branca irá cantar o enredo “Valha-me Nossa Senhora, Mãe de Deus de Nazaré! A vaca mansa dá leite, a braba dá quando quer. Já fui menino, fui homem, só me falta me ver ganhar aqui nos cafundé”.

Confira abaixo a sinopse divulgada pela agremiação:

Sinopse

*Texto de enredo para ser lido “simpatico”, entornado de cordeis, ao som da batida da sanfona, de preferência com uma fogueira em chamas para clarear as noites de luar.

“Vou mostrar pr’esses cabras
Que eu ainda dou no couro
Isso é um desaforo
Que eu não posso levar
Óia eu aqui de novo, cantando
Óia eu aqui de novo, xaxando
Óia eu aqui de novo, mostrando
Como se deve xaxar.” (Óia Eu Aqui de Novo-Luiza Gonzaga)

Logo oficial do enredo

Abre a porteira. Escureceu! Acenda uma Fogueira. Constelações. Faísca! Aparições da noite. Andei pereginetes naquele lugar sagrado ,fiz de meio punhado um eclipse na lua , detonando um grande fogaréu no vulcão. De
peito aberto e punho erguido. Me viram nascer antes do dia na chapada . Menino de peito Preto, boca de tudo ou beiçudo. Abestado. Gira redemoinho, Raízes do sertão. Raízes de terra batida. Raízes na qual pode
parear .Encantarias! Vieram me levar nas costas do calango de cauda verde, nas asas da asa branca, nos rastejar da Jiboia-constritora para virar samba enredo pelos lados do Rio .Corpo fechado: estava ali esperando, enquanto várias nossas senhoras esculpidas em fé na espera para abençoar o cristão Grilo. São raízes que se movimentam no começo. O Grilo era uma eterna carne imortal/luta em terra nordesta. Tão novo lhe vi beijando as mão do padre,na qual entregou o sua travessura como forma de pagamento. Criou, fez seu chão em noite escura e em terras alaranjadas. Amém. Ventania; é lua fechada na mão de cabra macho.

Contado nas palavras rimadas do cordel. Ele tá na boca e nas tramanhas dos boiadeiros; na bagagem dos trapasseiro; na garapa dada ao vigário. Ouvir falar que já ressuscitou gente morta com gaita dada aos pés da
igreja. Sultão. Grilo foi direto aos portões da casa do bendito Barreado. Berrando no portão de seu castelo, fedendo a suor, montado em seu cavalo roubado: agora, só de osso . O Sultão se aperreou com a inteligência de João Grilo, que logo o fruto da discussão calambiou. Ventou , a batida de porta rugiu, o sangue escorreu nas venta . Briga! Se ferrou o Grilo. Despunhado no chão com dois golpes de facão: lutei feito diabo, lutei no campo de terra voada. E lá se foi conhecer Deus de perto com nossa senhora no coração, mas deixou o nobre diabo Sultão ainda moço lá na terra bebendo o defunto e gaitando pelo xibão. Foi caixão pequeno e grande para João Grilo se acomodar. Eu vi! Na terra fechada vi os encantados carniceiros dando uma proteção natural ao Grilo .

Mal quis morrer sozinho, logo chamou o Sultão de quebrada. O padre correu do bendito Grilo, que logo pediu guarida no céu ao juiz. Astucioso, o homem que em vida perdeu a crença por ser o diabo da terra para ser sabedor do que havia depois da morte. Perambulando buscando uma morada que não quisesse lhe matar novamente, andou fazendo assombro ao abrigar-se por de trás de um caixão. Esteve sob a coroa de couro da escola.

Logo abriu o seu testamento. Descrito em um folheto de Manuel Camilo suas petições: ”Vou deixar Tudo que encontrei na terra, a fome assolando o povo, as nações fazendo guerra. Deixo toda mocidade do povo velho
zombando, Pastor pregando evangelho, Padre: missa celebrando , a prostituição e o crime Cada vez mais aumentando, deixo a noite e deixo o  dia , deixo vale monte serra, vou deixar a loteria para o povo aventureiro, que vai doido na ganancia de ganhar muito dinheiro, sem pensar que quando ganha tira do seu companheiro. Vou deixar muita saudade para quem me conheceu , deixo o céu cobrindo a terra com tudo que Deus nos deu…”

“Quando acabou de morrer houve grande confusão, o palácio estremeceu, Reboou longe um trovão”,tramanhas e caos na escuridão se fizeram presente naquele mundão. Com ouro e medalhas, o Sultão foi roubado! deixando só as dívidas depois do assombro reinado. A morte vem e leva o cabra sem ninguém o defender: sendo as últimas palavras rasgando céus de folheto para o fim de um amanhecer. Como o ditado nos dizia; cada (grilo)no seu galho.

Misturou-se então para sempre num cabaré de entranhas de corpos sem osso com xibao numa cantiga festa de são joão. I love you. Bailes e procissões. Fitas amarradas em arabescos para quem nasceu com a venta virada pra lua.

Referências Bibliográficas:

https://www.dicionariopopular.com/girias-nordestinas/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_Grilo
https://www.culturagenial.com/auto-da-compadecida/
https://www.cordelendo.com/2020/08/classicos-do-cordel-proezas-de-jo
ao.html

Author: Lucas Guerra

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