União da Gávea cantará ‘rosários pretos’ no Carnaval Virtual 2024

O GRESV União da Gávea apresentou o enredo que irá disputar o Grupo de Acesso I do Carnaval Virtual.

De autoria de Marcos Felipe Reis, a escola defenderá o enredo “Rosários Pretos”.

Confira abaixo a sinopse divulgada pela agremiação:

Rosários Pretos

Justificativa:

“Minha coroa do rosário, invoco a Santíssima Trindade
Em nome do pai, do filho e do espírito santo
Amém!”
Reza feita pelo preto-velho Pai José de Moçambique ao final de seus trabalhos

Para o carnaval virtual de 2024, a União da Gávea se debruça na história da festa de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, junto da irmandade de mesmo nome. A festa, que se originou no Nordeste pernambucano, se espalhou pelo Brasil e se fortaleceu no interior de Minas Gerais, se tornando patrimônio imaterial e agora torna-se palco de nosso desfile. Entendemos o papel importante das irmandades negras junto à manutenção não só da fé do povo escravizado, mas também como instrumento de luta racial do Brasil colônia.

Sinopse:

Eis-me aqui, Senhora!
A União da Gávea busca suas bençãos para mais um desfile
Eis-me aqui!
Alçando voo pelas terras sacras
E na origem de seus festejos populares
Para mãezinha coroar.
Sua aparição saída do mar
Tornou-se então mãe dos escravizados
E suas rosas em nosso caminho, fez brotar

A proibição de escravizados de frequentarem a missa
Fez com que surgissem as irmandades
Em especial a de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos
Que tinha como missão orar pelos seus.
A igreja mais antiga do país é em devoção à Senhora do Rosário
Para dar aos teus filhos dignidade e humanidade,
Cuidar dos mais doentes,
Lutar pela alforria e dar uma passagem digna a quem fosse…
Em Pernambuco teve sua origem, em Salvador se instaurou
Se transformou em referência em resistência pela Frente Negra
E espalhou-se pelo Brasil, se consagrando em seu interior
Foi na terra das Minas Gerais que se firmou.

Logo oficial do enredo

Erguendo igrejas com o barroco de mãos feridas
Ladeavam as pedras pelas estradas
Mesmo que por anos proibidos pela igreja católica
E palco de disputa entre senhores e negros
Forros ou escravizados,
Os festejos do rosário resistiram com o tempo
Ganhando apreços de seus fiéis
Como Xica da Silva, que doava sempre para a irmandade dos pretos
A fim de ver rezar seus irmãos de cor
Era sagrado ou era profano?
Era divino…

“Salve o povo de N’goma!”
O congado chama o povo para rezar
Para ofertar 200 rosas à nossa Mãe
Coroas de flores então se abrem
Os tambores começam a ressoar
As saias floridas colorem o horizonte
Colares e terços de milagres enfeitam as guardas
Para o grande festejo popular
Mesas fartas para o banquete em cada casa
Para coroar a realeza congadeira de cada terno

Rosário nas mãos de fiéis,
Em cada passo dançado, uma prece
Uma promessa, um agradecimento
Ao longe, o mastro já vai subir
No balançar das fitinhas pelo vento
Com os estandartes de São Benedito, Aparecida, Efigênia
Do Rosário, de santos pretos
E também da nossa União da Gávea

Referência

ALVES, Yara de Cassia. Recomposições do passado: Memórias e histórias da festa de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos em Minas Novas – MG. 2021. 18 f. Tese (Doutorado) – Curso de História, Universidade Federal de Minas Gerais, Passos, 2021.

MINAS GERAIS. INSTITUTO ESTADUAL DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO DE MINAS GERAIS. . Festa de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos de Chapada do Norte. Disponível em: http://www.iepha.mg.gov.br/index.php/programas-e-acoes/patrimonio-cultural-protegido/bens-registrados/details/2/3/bens-registrados-festa-de-nossa-senhora-do-ros%C3%A1rio-dos-homens-pretos-de-chapada-do-norte. Acesso em: 20 dez. 2023.

NICOLE CASTILHO (Salvador). Conheça a irmandade e a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos. 2021. Disponível em: https://clickmuseus.com.br/conheca-a-irmandade-e-a-igreja-de-nossa-senhora-do-rosario-dos-homens-pretos/. Acesso em: 23 dez. 2023.

RUBIÃO, Fernanda Pires. Os negros do Rosário: Memórias, identidades e Tradições no congado de Oliveira (1950-2009). 2010. 185 f. Dissertação (Mestrado) – Curso de História Social, Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2010.

Author: Lucas Guerra

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