Disputando o Grupo de Acesso II a vermelha e branco de Itaocara irá contar a história de Iça Mirim na passarela virtual em 2024. De autoria de Walter Gualberto Martins, o GRESV Valongo apresentará o enredo “Um príncipe carijó na corte francesa”.
Confira abaixo a sinopse divulgada pela agremiação:
SINOPSE
O litoral brasileiro nos primeiros anos do século XVI já era frequentado por embarcações de várias nacionalidades. Buscavam explorar as novas terras, recém conhecidas pelos aventureiros do Velho Mundo. Neste contexto de exploradores sedentos por riquezas foi que, em janeiro de 1504, a tribo dos carijó, chefiada pelo cacique Arosca, avistou a chegada de uma embarcação comandada pelo francês Binot Paulmier de Gonneville.
Desde o primeiro encontro de culturas de dois mundos tão distintos, a relação entre a tripulação do L’Espoir (A Esperança) e os indígenas carijós se realizou de forma cordial. De troca de presentes a festas com cantos e músicas tupis e francesas e muita fartura gerou uma relação de confiança entre o chefe indígena e o capitão francês.
Após alguns meses Gonneville, com sua nau abarrotada de pau brasil, plantas e animais “exóticos” dos trópicos, resolveu retornar para França e, em sinal de gratidão, propôs levar o filho mais novo do cacique, chamado de Iça Mirim (Pequena Formiga), com 15 anos, para Europa para que pudesse estudar e se tornar um grande guerreiro. Arosca permitiu a ida do pequeno indígena mediante a promessa de que em 20 luas Gonnenville retornasse com seu rebento.
Assim, Iça Mirim e seu tutor Namoa, nomeado por seu pai, partiram rumo à França.
A viagem de retorno ao velho continente, porém, foi cheia de contratempos… A embarcação foi atacada duas vezes por piratas. Na primeira por corsários ingleses e na segunda por piratas franceses. Estando quase que sem munição após o primeiro ataque, tiveram que fugir durante o segundo, o que acabou gerando uma tragédia. A embarcação afundou após colidir com algumas rochas, matando muitos tripulantes, entre os quais
Namoa. Iça Mirim e o capitão sobreviveram e pouco tempo depois conseguiram retornar à França.
Mas a tragédia inviabilizou uma nova viagem de Gonneville às Índias Meridionais (como era conhecido o Brasil) – terra de Arosca. Sem retorno financeiro da primeira viagem, o francês não conseguiu patrocínio para uma nova empreitada.
Impossibilitado de cumprir a promessa que fizera ao cacique, Genneville assumiu a responsabilidade sobre o pequeno indígena, dando-lhe o seu sobrenome e, casando-o, inclusive com uma parente. Iça Mirim tornou-se assim um nobre francês e passou a ser conhecido como Essomericq. Teve muitos filhos e descendentes.
Nunca mais retornou ao Brasil… Passou a conhecer o significado de saudade… de sua terra, de sua gente, da vida que levava em sua aldeia, das terras tupiniquins. Saudade esta que pode ser minimizada na entrada feita em homenagem ao rei Henrique II, em Rouan, quando a França contemplou a festa brasileira com a participação de indígenas tupinambás e tabajaras. A decoração, os animais, os indígenas… tudo parecia exótico demais para os nobres e para o velho indígena lhe era muito familiar… mas ao mesmo tempo tudo lhe era distante de sua gente que há tantos anos deixara do outro lado do Atlântico…
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DENIS, Ferdinand. Uma festa brasileira celebrada em Ruão em 1550, seguido de um fragmento do século XVI que trata da teogonia dos antigos povos do Brasil e das poesias em língua tupi de Cristovão Valente / por Ferdinand Denis. – Brasília : Senado Federal, Conselho Editorial, 2011.
Era Uma Vez Um Índio Carijó (Noilton Nunes e Regina Abreu 2006) – Infantil. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=YpuiDbA77aY>. Acesso em: 20/03/2024.
PERRONE-MOISES, Leyla. Essomeriq, o venturoso carijó. Disponível em: <https://artepensamento.ims.com.br/item/essomericq-o-venturoso-carijo/>. Acesso em: 20/03/2024.
PERRONE-MOISES, Leyla. Vinte Luas: viagem de Paulmier de Gonneville ao Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.