Vira-Lata irá cantar ‘o conto de latas’ no Carnaval Virtual 2024

O GRESV Vira-Lata cantará o casamento da Dona Baratinha no Carnaval Virtual 2024.

Na disputa do Grupo de Acesso I, a escola irá levar o enredo “O Conto de Latas”, de autoria de Fernando Saol.

Confira abaixo a sinopse divulgada pela agremiação:

O CONTO DE LATAS

O carnaval passou por ele tão depressa
Quando viu, já era o fim
Nenhum samba ele lembrou
A campeã não viu, estava dormindo
Entre sonhos e latidos
Foi ouvindo o seu dono
Lhe contar mais uma história
E a sua predileta, era da Baratinha mais bela
Com os seus laços de fita
Debruçada na janela

E a memória, que era ruim há muito tempo
Desde daquele acidente
Quando na dispersão
Um guindaste lhe atingiu
Misturou tudo
Bagunçou o faz de conta
Chamou Ariranha de Lontra
E o Casamento da Barata
Nos contou o que ele viu..

* * * * * *

Era uma vez!
Assim começa mais um enredo original (!)
Comemorando o sucesso do desfile
Caramelo foi pra casa
Descansar o carnaval!

Chegando lá, ajeitou o seu cantinho
Gira, gira no seu eixo
Até se aconchegar!
E o papai, vai sentar ali pertinho
Entre beijos e carinhos
Uma estória vai contar!

No Pedágio do Universo da Magia
Dragões vigiam a cancela
E fadas de papa-filas
Evitando a invasão
De quem não merecia
Entrar no Mundo da Imaginação
Para preservar suas histórias
Manter vivas as memórias
Que o encanto se espalhe
De geração em geração

Logo oficial do enredo

No Reino de São Matheus
Os bichos viviam em plena harmonia
Falavam como se fossem gente
Era um mundo diferente
Onde as flores, os bichos respondiam

No Blá-blá-blá
O burburinho, a fofoca
No Zum-zum-zum
Corria a boca miúda
Que o pombo-correio
Seu Geraldo
Espalhou que um casório ia rolar

A bicharada, curiosa, quis saber
“Quem vai casar?”
E a Flor de Laranjeira já queria separar
As pétalas mais lindas
Para a noiva enfeitar

Mas será o desatino
A ironia do destino
Vai preparar?
Quando o falatório dissipou
No beiral de uma janela
A donzela se revelou

E toda prosa, contou para a multidão
Que esperava ansiosa
Uma notícia, uma explicação
Sobre quem é a sortuda
A nada misteriosa
Era tão linda, a cascuda!

Dona Baratinha, então falou:
“Se um dia eu fui pobre, a riqueza me encontrou!”
E levantando sua patinha
Quase não aguentou, Baratinha
Brilhava mais que o sol
E a luz dele refletiu!
A moeda de ouro
Ela achou no seu quintal
E agora, a Barata granfina
Cansou de ser solteira, a menina
Não quer mais ficar pra titia

Caramelo embarcou nessa viagem
Em outros carnavais, todos sabem
Ele já foi pajem
E com a Dona Baratinha
Já combinou o Buffet
Com comidas bem gostosas
Alérgicos irão tremer!

O vestidinho da Barata é peça rara
Caramelo já tirou as medidas
E mandou para a Lagarta
Com antecedência, porque ela vai demorar
Lúcia-já-vou-indo na costura, ela pode se atrasar

Entre tramas e bordados
Um mundo de carretéis
Os tecidos mais bonitos
E estampas especiais
Dona Lúcia-já-vou-indo já comprou
Nada tem nas redondezas
Só compra quem tem cacife
Na loja da Bicha da Seda

E como brinde da querida costureira
Um amuleto para a data especial
Era lindo, era vermelho
E a deixava mais bonita
Na cabeça da Barata
O enfeite era o Laço de Fita

E na volta para casa
Uma ideia então surgiu
Passar o dia na janela
Provando ser a Barata mais bela
Com laço de fita no quengo
Só daria ela!

A aventura só começou
Quando na chuva, ninguém passou
Pela janela da Barata
Com Laço de Fita, a coitada
Em silêncio, ninguém lhe via!
Era rica, era bonita
Era jovem, divertida
E como se vestia bem
Combinava seus vestidos
Com o vermelho Laço de Fita!

Caramelo na missão
Não pode decepcionar
A amiga Baratinha
Que precisa se casar!
E pelo alto-falante
Começou a cantar

“Quem quer casar?
Quem quer casar com a bonita?
Com a Dona Baratinha
Olhem como ela é linda
Com o seu Laço de Fita
E dinheiro no caixinha!”

De um lado, o vazio
No outro, nenhum rapaz
Quando olhou na sua frente
A sombra que um chifre faz!
Era o Boi, alto galante!
Que mugiu, todo elegante
A Barata se apaixonou
Ao ouvir o seu berrante

“Muuuu…
Quero ser o seu Senhor
Me conceda sua mão
Que rico eu já sou
O chifre que eu tenho
É lembrança de outro amor”

Esperta é a Baratinha
Quando ouviu o boi mujir
Viu que nunca ia ter paz
Pois ela ama dormir
E o “Muuuu…” do Boi Galante
É pior que seu berrante
Antes tarde, o Boi partiu

Mas nunca desanimada
Voltou para sua janela, a coitada
Caramelo cantou alto
A canção que fez pra ela!

“Quem quer casar?
Quem quer casar com a bonita?
Com a Dona Baratinha
Olhem como ela é linda
Com o seu Laço de Fita
E dinheiro no caixinha!”

O Cavalo Mangalarga
Relinchou na sua sacada
A Barata vacinada
Não semeou o amor
Pelo potro marchador
Abriria uma exceção
Se ao invés de relinchar
Cantasse o samba da Beija-flor

O dia quase no fim
E a moça da janela
Triste, que só ela
Resolveu ir passear
Foi na Lagoa, tomar um ar
E sentada na pedra
Percebeu que a paisagem
Não era aquela
Na conversa do caminho
Caramelo a distraiu
E foi para a beira do Rio
Baratinha confundiu!

O Cururu, sapo velho gozador
Ao ver a donzela enfeitada
Entre arrotos, perguntou
Qual era o motivo
De tanta infelicidade
E a Dona Baratinha
Do Laço de Fita vermelho
Olhou pra água como se fosse um espelho

“Se eu sou tão linda?
Se eu sou tão bela?
Porque é que estou sozinha
Paquerando na janela?”

Cururu pode ser feio
Mas não dá ouvidos ao espelho
E foi logo consolar
Pois a Dona Baratinha
É tão jovem, a menina
Muita vida vai trilhar

E falou assim
Repara no seu silêncio
No cheiro das flores e no vento
Boas novas há de vir!
As andorinhas, vão trazes nas suas asas
Novas estações, novas safras
Mas o tempo é devagar
Aldo, o Cágado
Que ouvia bem quietinho
Resolveu se apresentar

“Quem mandou você casar?”
Quero saber
O tempo pode não voltar
E você não vai perceber
A folha cai
Pra outra nascer
No outono, a semente se esconde
Para ela na primavera florescer
Se tem frio, há uma razão
Não reclame do verão
A vida vai te ensinar

Caramelo que de bobo não tem nada
Escutou tudo com a devida atenção
E a Baratinha, com a lição toda tomada
Se dirigiu à sacada
Será sua redenção!

Casar ela quer
Mas não quer um qualquer!
Conhecer seus pretendentes
De maneira natural

E frustrado ficou o Zé Cabrito
Um caprino dos mais bonitos
Por causa do seu berrar
Não pode amar a Barata
Que dorme em silêncio, em casa
E não gosta de acordar
Com berros, mugidos, relinchos!

Caramelo já cantava
Velha cantiga de roda
E a Barata se soltava
Era linda a voz da menina
E longe, lá na cozinha
Baratinha foi notada

Don Ratão, o comilão
Atraído pela voz
Tal como Formiga no doce
Perguntou:
“Quem foi que trouxe
Tamanha beleza do céu?”
Ao chegar perto da janela
Olhou para linda donzela
Reverenciou com o seu belo chapéu

“Dona Baratinha, oh linda flor
Ouvi sua voz, apaixonado
Já sinto em mim, o amor!
Quero pedir sua mão
E somar sua caixinha
Com moedas que carrego
Ó linda, Dona Baratinha
Moça do vermelho Laço de Fita!”

Baratinha apaixonada
O pedido aceitou
Caramelo entusiasmado
O casório organizou
E no dia da alegria
Não teve Festa no Céu
A passarada reunida, levaria no bico o véu
Da noiva mais bonita
Que já pisou por aqui
Todo mundo convidado
Ansioso para o dia
Em que Dona Baratinha
Seria a Senhora Ratão

A banda do Pato Roco
Escolheu trilha de amor
Para Dona Baratinha
Caminhar em pétala de flor
Os docinhos mais gostosos
Que a Abelha Rainha mandou
É de encher os olhos
A linda ornamentação
São rendas de Dona Aranha
A famosa tecelã
João de Barro ia celebrar
A querida união
Mas antes de dar o sim
Rolou aquela confusão

O prato principal já estava no fogão
E o cheiro de toucinho
Atraiu o Don Ratão
A panela apitava
Já tinha pego pressão!
Em manobra arriscada
Na beirada do fogão
Abriu a grande panela
E caiu na tentação
“Escorregou, caiu, na panela de feijão”

Dona Baratinha arrasada
Além de perder o noivo
Ficou sem a feijoada
Chorou por dias, coitada
Chorou até cansar

Viúva sem ter casado
Caiu na estrada sozinha
Pegou a sua moedinha
E conheceu esse mundão
E indo longe, bem fundo
Chegou na Quina do Mundo
Conheceu Senhor Baratão!
E a Linda Baratinha
Casou, formou família
Mesmo pobre, é feliz
Com as suas baratinhas
Tem a vida que sempre quis!

Caramelo acordou
Culpado foi seu fucinho
Perdeu a Barata, o contato
Mas sentiu perfume agradável
Foi o cheiro do toucinho

Author: Lucas Guerra

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