A ESV Xuxu na Serra apresentou o enredo que levará para a disputa do Grupo de Acesso II, do Carnaval Virtual 2024. A azul e rosa do Rio de Janeiro irá contar “O gurufim de Niltinho Tristeza”, de autoria do enredista Fernando Saol.
Confira abaixo a sinopse divulgada pela agremiação:
O gurufim de Niltinho Tristeza
Não que seja necessário
Explicar o que acontece
Sobre tanta animação
No velório do sambista
Niltinho nos deixou
E como bem merece
Beber Niltinho, nós vamos
Cantar Niltinho, também
Lembrar de suas histórias
Entre goles, suas memórias
Fazer do dia, uma homenagem
“Quero de novo cantrar”
E viver o sonho que ele sonhou…
Com a mesa ainda vazia
Um velho amigo dizia
Que Niltinho era louco de amor
Apaixonado pela cabrocha
Mais bonita da cidade
Quem viu, diz que era verdade
A juventude do garoto
Pelo bairro de Botafogo
Tantas lembranças
Em vermelho e branco
Despertou compositor
Foi no saudoso Foliões
Que Niltinho despontou
– “Com a cabrocha então casou!”
Alguém lembrou
A viúva que hoje chora
Inspirou sua maior glória
E o apelido que ficou
Neuza Maria, seu grande amor
Ele escreveu a letra
Para espantar a tristeza
Que uma briga lhe causou
Depois de cantar ao ouvido
Neuza voltou pro marido
Niltinho feliz ficou
A letra que nasceu…
Dos corações!
Niltinho cantarolava…
Nos Foliões!
E no pé do Amendoeira
O samba frutificou
Tristeza foi passageira
Poesia que a vida
Eternizou…
65 era o ano
– “Se não for, perdoe o engano”
Uma voz grave falou
Era outro valioso amigo
Que bebia com Haroldo e Niltinho
Na esquina da Visconde
Com a Real Grandeza
Que inveja daquela mesa
Que tanto testemunhou
Entre conversas fiadas
A noite inteira
Canções, sonhos, parcerias
Quatrocentas saideiras
E como eles gostavam
De falar sobre o dia
Que se conheceram
No Jardim Botânico, no clube Carioca
Onde nasceu amizade
E a Tristeza foi embora!
Embalou a vida da gente
Foi tema até de enchente!
E o prefeito, decidido
Em cancelar o Carnaval
Quase que seduzido
Resolveu deixar a Alegria passar
A mesa já saiu do bar
Já chegou até na esquina
Quando uma nobre senhora
Falou sobre Zé Catimba
-“Ele que levou Niltinho
tirou dos Foliões, o menino
E levou pra Leopoldina!”
Carnaval não se explica
E foi a Coroa de Ramos
Que iludiu seu coração
Com sonhos, sambas, fantasias
Foi morar em Olaria
Onde escreveu o samba campeão
De 1971
Barra de ouro
Barra de rio
Barra de saia
Como é linda a Imperatriz
Desfilando engalanada
A cidade inteira cantava
E flutuava…
Em sua melodia!
O rio rola pro mar
E o vento leva no ar
A saia a rodar…
Lá Lá Laiá!
Aproveitando o pique
Quem foi que lembrou do Cacique?
Acho que foi o garçom
Ele entrou na bebedeira
Perdeu a comanda na feira
Quando todo mundo cantou
“Chinelo novo”
Até quem não tava na mesa
Encheu os pulmões pra gritar:
“Quero esquecer a vida
Cair na avenida
E me perder do povo”
O galo já cantava
Mas vejam só!
Dando indícios do fim…
Do gurufim
Quando a rapaziada
Que ainda participava
Deixou lágrima rolar
Quem é mais novo se lembra
Do ano que a Imperatriz
Quase no Grupo 2 foi desfilar
E como passe de mágica
Bateria parou!
-“Ganhou porque tinha mais samba”
Cutucaram a Beija-flor
Mas ninguém tá chateado
O povo da rua tá cantando em coro
Tal areia na farofa
Já não sabemos dizer
Quem é vivo, quem é morto
O bar já fechou as portas
E a rua é do povo!
A Coroa gira no céu
Pra festejar
Niltinho está presente
E se bobiar
Está comandando a cantoria
E descendo a Mena Barreto
Onde o sonho começou
O povo que junto bebia
Se dispersou
Todos enganaram a Morte
Que bebia com a gente
Que sorte
E há quem diga
Que foi ela que puxou:
“Liberdade, liberdade
Abre as asas sobre nós
E que a voz da Liberdade
Seja sempre a nossa voz!”
Ao longe deu pra ouvir…